Inchaço nas pernas após o parto – Edema de membros inferiores
Inchaço nas pernas após o parto – o que fazer e com o que se preocupar?
Em primeiro lugar, saiba que a ocorrência de inchaço (edema) das pernas (membros inferiores) é uma situação bastante comum após o parto, principalmente após a cesariana. É causada basicamente pelo extravasamento de líquidos para a camada superficial da pele. Gestantes que apresentam um maior acúmulo de líquido na gravidez (que pode ser evidenciado por um exame simples e não invasivo chamado bioimpedância tetrapolar) estão propensas a desenvolver mais frequentemente o edema de membros inferiores. Correspondem outros fatores de risco: Obesidade, Ganho de peso excessivo na gravidez, polidrâmnio (aumento do líquido amniótico), hipertensão, trombofilias e patologias renais, dentre outros.
O ideal é que haja uma boa movimentação no pós operatório para facilitar a circulação e reabsorção destes líquidos extravasados e sempre que estiver em repouso, lembrar de elevar as pernas para facilitar o retorno venoso. Como a mamãe fica muito tempo na posição vertical para amamentar o(a) bebê, o retorno venoso é dificultado.
O uso de meias elásticas pode ajudar e a Drenagem linfática também pode auxiliar na recuperação. A alimentação também desempenha um papel fundamental, pois existem alimentos com um maior poder diurético do que outros que acabam retendo líquidos. A ingestão hídrica deve ser orientada longe das refeições, que não devem contém excesso de sal ou de carboidratos que favorecem o edema.
São considerados sinais de alerta a dor na panturrilha que pode ser um indicativo de trombose venosa profunda, bem como o aumento da pressão arterial ou a ocorrência de febre não relacionada ao aleitamento materno (ingurgitamento mamário) ou inchaço generalizado. Na dúvida se por acaso o seu inchaço é preocupante ou não, procurar um serviço de urgência mais próximo para ser avaliada presencialmente por um médico (a).
Inchaço no final da gestação
Por Emily E. Bunce , MD, Wake Forest School of Medicine;
Robert P. Heine , MD, Wake Forest School of MedicineÚltima revisão/alteração completa jun 2021| Última modificação do conteúdo jun 2021
Conforme a gestação avança, o líquido pode se acumular nos tecidos, geralmente nos pés, tornozelos e pernas, fazendo com que eles fiquem inchados. Esse quadro clínico é chamado de edema.
Ocasionalmente, o rosto e as mãos também incham. Alguns acúmulos de líquido durante a gestação são normais, especialmente durante o terceiro trimestre. Ele é chamado de edema fisiológico.
Líquido se acumula durante a gestação porque as glândulas suprarrenais produzem mais hormônios que fazem com que o organismo retenha líquido (aldosterona e cortisol). Líquido se acumula também porque a ampliação do útero interfere com o fluxo de sangue a partir das pernas para o coração. Assim, o líquido se acumula nas veias das pernas e escoa para os tecidos circundantes.
Causas
Causas comuns
Normalmente, durante a gestação, o inchaço é
- Edema fisiológico
Causas menos comuns
Com menos frequência, o inchaço durante a gestação resulta de um distúrbio (consulte a tabela Algumas causas e características do inchaço no final da gestação). No entanto, tais distúrbios são frequentemente graves. Eles incluem:
- Trombose venosa profunda
- Pré-eclâmpsia
- Cardiomiopatia periparto (insuficiência cardíaca que surge no final da gravidez ou após o parto)
- Celulite
Na trombose venosa profunda, coágulos sanguíneos se formam nas veias localizadas profundamente no corpo, geralmente nas pernas. A gravidez aumenta o risco desse distúrbio de várias maneiras. Durante a gestação, o corpo produz mais das proteínas que ajudam a coagulação do sangue (fatores de coagulação), provavelmente com o intuito de evitar sangramento excessivo durante o parto. Além disso, alterações durante a gestação fazem com que o sangue se acumule nas veias, aumentando a probabilidade de formação de coágulos. Se a gestante tiver menos mobilidade, é ainda mais provável que o sangue se acumule nas veias das pernas e coagule. Os coágulos podem interferir com o fluxo de sangue. Se um coágulo sanguíneo se rompe, ele pode viajar através da corrente sanguínea para os pulmões, bloqueando o fluxo de sangue ali. Esse bloqueio (um quadro clínico denominado embolia pulmonar) é potencialmente fatal.
Na pré-eclâmpsia, a pressão arterial e os níveis de proteína na urina aumentam durante a gestação. É possível que ocorra o acúmulo de líquido, causando inchaço na face, mãos ou pés e ganho de peso. Se for grave, a pré-eclâmpsia pode danificar órgãos, como o cérebro, os rins, pulmões ou fígado, e causar problemas no bebê.
A cardiomiopatia periparto causa falta de ar e fadiga, bem como inchaço.
Na celulite, as bactérias infectam a pele e os tecidos abaixo da pele, às vezes causando inchaço com vermelhidão e sensibilidade. A celulite afeta com mais frequência as pernas, mas pode ocorrer em qualquer lugar.
Fatores de risco
O risco de trombose venosa profunda e pré-eclâmpsia aumenta devido a vários quadros clínicos (fatores de risco).
Os fatores de risco para trombose venosa profunda incluem:
- Um episódio anterior de trombose venosa profunda
- Distúrbios de coagulação hereditários
- Lesão em uma veia da perna que impede que o sangue flua normalmente
- Um distúrbio que faz com que o sangue fique mais propenso a coagular, como, por exemplo, câncer ou problemas renais ou cardíacos
- Tabagismo
- Imobilidade, que pode ocorrer após uma doença ou cirurgia
- Obesidade
Os fatores de risco para a pré-eclâmpsia incluem
- Hipertensão arterial, que estava presente antes da gravidez
- A pré-eclâmpsia durante a gestação anterior ou um membro da família que teve pré-eclâmpsia
- Idade até 17 anos ou mais de 35 anos
- A primeira gravidez
- Uma gravidez com mais do que um feto
- Diabetes
- Distúrbios dos vasos sanguíneos (vasculares)
- Uma mola hidatiforme (uma massa anômala na placenta, com ou sem um feto, devido a um ovo fertilizado de maneira anômala)
Os fatores de risco para a cardiomiopatia periparto incluem:
- Ter 30 anos de idade ou mais
- Um diagnóstico anterior de miocardiopatia ou outro problema cardíaco
- Descendência africana
- Uma gravidez com mais do que um feto
- Pré-eclâmpsia
- Hipertensão arterial, que estava presente antes da gravidez
Avaliação
O médico precisa excluir a possibilidade de trombose venosa profunda, pré-eclâmpsia, doença cardíaca, celulite e outras causas possíveis antes de poder fazer um diagnóstico de edema fisiológico.
Sinais de alerta
Os seguintes sintomas são motivo de preocupação em gestantes com inchaço nas pernas:
- A pressão arterial que é de 140/90 mm Hg ou superior
- Inchaço em apenas uma perna ou panturrilha, especialmente se a área estiver quente, vermelha e/ou sensível, ou se houver febre
- Inchaço nas mãos
- Inchaço que aumenta de repente
- Confusão, dificuldade para respirar, alterações na visão, agitação (tremor), uma convulsão, dor abdominal súbita, ou uma súbita dor de cabeça – sintomas que podem ser causados por pré-eclâmpsia
- Dor torácica
Quando consultar um médico
A mulher deve ir para o hospital imediatamente se ela tiver
- Sintomas que sugerem pré-eclâmpsia ou uma doença cardíaca
As mulheres com outros sinais de alerta devem visitar o médico naquele dia. As mulheres sem sinais de alerta devem visitar o médico, mas mesmo uma demora de vários dias não costuma ser prejudicial.
O que o médico faz
Primeiramente, o médico faz perguntas sobre o inchaço e outros sintomas e sobre o histórico médico. Em seguida, o médico faz um exame físico. O que ele identifica durante a anamnese e o exame físico geralmente sugere uma causa para o inchaço e os exames que talvez sejam necessários (consulte a tabela Algumas causas e características do inchaço no final da gestação).
O médico faz as seguintes perguntas:
- Quando o inchaço começou
- Há quanto tempo ela está acontecendo
- Se alguma atividade (por exemplo, deitar-se sobre o lado esquerdo) faz com que ele diminua ou piore
Deitar-se sobre o lado esquerdo diminui o edema fisiológico.
O médico também faz perguntas sobre quadros clínicos que aumentam o risco de apresentar trombose venosa profunda, pré-eclâmpsia e cardiomiopatia periparto.
Pergunta-se à mulher sobre outros sintomas, que podem sugerir uma causa. Ele também pergunta se ela já teve trombose venosa profunda, embolia pulmonar, pré-eclâmpsia, hipertensão arterial ou problemas cardíacos, inclusive miocardiopatia.
TABELAFecharAlgumas causas e características do inchaço no final da gestação
Causa | Características comuns* | Exames† |
---|---|---|
Normal (fisiológica) edema | Inchaço indolor (edema) em ambas as pernas, que talvez diminua quando a mulher se deita sobre o seu lado esquerdo | Apenas um exame médico |
Trombose venosa profunda | Inchaço e dor em apenas uma perna ou panturrilhaSensibilidade frequente, vermelhidão e calor na área afetadaÀs vezes, fatores de risco para trombose venosa profundaCaso um coágulo sanguíneo se desloque para os pulmões e bloqueie um vaso sanguíneo (causando embolia pulmonar), dor no peito e dificuldade para respirar | Ultrassonografia com Doppler da perna afetada para verificar se há uma obstrução nas veiasÀs vezes, um exame de sangue para medir uma substância liberada por coágulos de sangue (chamada D-dímero)Se a mulher tiver dor no peito e dificuldade para respirar, às vezes TC do tórax e varredura de ventilação/perfusão pulmonar (exame VQ) |
Cardiomiopatia periparto | Inchaço em ambas as pernasFalta de ar e fadigaDificuldade em deitar-se em uma superfície plana | Radiografia do tóraxEletrocardiogramaEcocardiograma |
Pré-eclâmpsia | Hipertensão arterial – Inchaço em ambos os pés, e às vezes na face e/ou mãosFalta de sensibilidade, vermelhidão ou calor nas áreas inchadasÀs vezes, dor de cabeça, confusão, visão turva, náusea ou vômito, ou uma erupção cutânea púrpura avermelhada de pontos minúsculos (que indica sangramento na pele)Às vezes, fatores de risco para pré-eclâmpsia | Medição da pressão arterialDosagem dos níveis de proteína na urinaExames de sangue para verificar a função hepática e renal e um hemograma completo |
Celulite | Inchaço em uma perna ou panturrilha e sensibilidade, vermelhidão e calor na área afetadaPossível corrosão da pele afetada (semelhante a uma casca de laranja)Muitas vezes afetando uma área relativamente pequenaÀs vezes, febre | Às vezes, apenas um exame médicoÀs vezes, uma ultrassonografia para excluir a presença de trombose venosa profunda |
* As características incluem sintomas e resultados do exame médico. As características mencionadas são típicas, mas nem sempre estão presentes.
† Embora um exame médico seja sempre realizado, ele será mencionado nesta coluna apenas se o diagnóstico puder às vezes ser feito apenas com um exame médico, sem a necessidade de outros exames.
Exames
Se houver suspeita de trombose venosa profunda, a ultrassonografia com Doppler da perna afetada é feita. Esse exame pode mostrar alterações no fluxo sanguíneo causadas por coágulos sanguíneos nas veias das pernas.
Se se suspeitar de pré-eclâmpsia, o nível da proteína é medido numa amostra de urina. A pressão arterial elevada e um alto nível de proteína na urina indicam pré-eclâmpsia. Se o diagnóstico não é claro, a mulher deve coletar sua urina de 24 horas, e a proteína é medida no volume de urina. Essa medida é mais precisa. No entanto, a pré-eclâmpsia também pode estar presente, mesmo que o nível de proteína na urina esteja normal. Hipertensão arterial com dor de cabeça, alterações na visão, dor abdominal ou resultados de exames de sangue ou de urina alterados também podem indicar a presença de pré-eclâmpsia.
Se houver suspeita de cardiomiopatia periparto, um eletrocardiograma, uma radiografia de tórax, uma ecocardiografia e exames de sangue são realizados para verificar a função cardíaca.
Tratamento
Quando o inchaço resulta de um distúrbio, esse distúrbio é tratado.
O inchaço que normalmente ocorre durante a gestação pode ser reduzido, fazendo o seguinte:
- Deitar-se sobre o lado esquerdo, o que afasta o útero da grande veia que devolve o sangue ao coração (veia cava inferior)
- Repousar frequentemente com as pernas elevadas
- Uso de meias elásticas de suporte
- Vestir roupas soltas que não restringem o fluxo de sangue, principalmente nas pernas (por exemplo, não usar meias ou meias que têm faixas apertadas em torno dos tornozelos ou panturrilhas)
Pontos-chave
- Algum inchaço nas pernas e tornozelos é normal (fisiológico) durante a gestação e ocorre durante o terceiro trimestre.
- O médico consegue identificar as causas graves de inchaço com base em resultados de um exame físico, aferição da pressão arterial, exames de sangue e urina e, às vezes, ultrassonografia.
- Se a própria gravidez for a causa, o inchaço pode ser reduzido ao deitar-se sobre o lado esquerdo, elevando as pernas periodicamente, usando meias de suporte e usar roupas que não restringem o fluxo sanguíneo.
VERIFICAÇÃO DA PRESENÇA DE EDEMA
Objetivo: detectar precocemente a ocorrência de edema patológico.
DETECÇÃO DE EDEMA
Nos membros inferiores:
• Posicionar a gestante em decúbito dorsal ou sentada, sem meias;
• Pressionar a pele na altura do tornozelo (região perimaleolar) e na perna, no nível do seu terço médio, face anterior (região pré-tibial).
Na região sacra:
• Posicionar a gestante em decúbito lateral ou sentada;
• Pressionar a pele, por alguns segundos, na região sacra, com o dedo polegar. O edema fica evidenciado mediante presença de depressão duradoura no local pressionado.
Na face e em membros superiores:
• Identificar a presença de edema pela inspeção.
Extraído de : https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_pre_natal_puerperio_3ed.pdf