Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia de Emergência

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Meu primeiro contato com a ultrassonografia foi quando eu era acadêmico de obstetrícia da Maternidade Bandeira Filho, conhecida como Maternidade de Afogados. Depois, na residência médica, pude contar com a correlação dos exames de ultrassonografia e os resultados pós-parto, pois havia um equipamento de ultrassonografia no bloco obstétrico do Hospital das Clínicas de Pernambuco (HC-UFPE). Com a residência médica em Medicina Fetal e os diversos cursos na área ultrassonográfica, sem me afastar da prática obstétrica, tive a curiosidade de levar meu equipamento de ultrassonografia portátil para os plantões de emergência, bem como para realização de procedimentos em ginecologia e obstetrícia guiados por ultrassonografia. O objetivo inicial era usar a ultrassonografia para os seguintes procedimentos

  • Assistência ao Parto: poder realizar a monitorização da hemodinâmica fetal, com a realização do Doppler cérebro-umbilical, avaliação do perfil biofísico fetal, avaliação do sonopartograma, enfim, existem várias utilidades em se realizar a ultrassonografia intraparto inclusive com diversas recomendações na literatura (para mais informações, acesse: drglaucius.com.br/usgintraparto)
  • Curetagem ou Aspiração Manual Intraterina guiada por ultrassonografia: Já realizei este procedimentos de diversas maneiras, até mesmo em tempo real, com a visibilização direta do procedimento guiado por ultrassonografia. A ultrassonografia permite a realização do procedimento de esvaziamento uterino de forma mais segura, rápida e eficaz. Após o procedimento, realiza-se ultrassonografia transvaginal e se confirma, ou não a efetividade do procedimento.
  • Cerclagem Cervical Uterina: É possível trazer mais segurança ao procedimento com avaliação do colo uterino pré e pós procedimento, aferição da distância dos pontos de cerclagem para o orifício cervical interno e externo, sem contar com a possibilidade de mostrar todo o procedimento para a cliente.
  • Implante de DIU/SIL guiado por ultrassonografia: não faz sentido em 2018 implantar um corpo estranho numa cliente e não confirmar se o mesmo está no lugar ou não. Já tive casos de perfuração uterina miometrial, de implante difícil, de implantação mais baixa que o habitual e em todos os casos, pela realização da ultrassonografia, pude corrigir esses possíveis desfechos negativos

Mas, em outras circunstâncias, a ultrassonografia me ajudou bastante, no que já é classicamente denominado FAST ultrasound em Obstetrícia ou Focused Assessment with Sonography for Obstetrics (FASO)  ou Point to Care Ultrasound in Obstetrics, seguem alguns exemplos que já participei

  • Diagnóstico de Hematoma de histerorrafia
  • Diagnóstico de Rotura Uterina
  • Diagnóstico de DPP
  • Diagnóstico de súbita parada cardíaca fetal com reanimação bem sucedida
  • Pós-cesariana na suspeita de abdome agudo hemorrágico
  • Pós cesariana perimortem para avaliação de coleções e hematomas
  • Pré-cesariana em gestação gemelar com segundo gemelar córmico para avaliação de manobra a ser realizada durante o parto cesariano
  • Diagnóstico de gravidez ectópica
  • Diagnóstico de Abscesso intrauterino pós cesriana / infecção puerperal
  • Diagnóstico de hematoma de parede abdominal
  • Diagnóstico de infecção puerperal e peritonite
  • Confirmação de apresentação fetal
  • Diagnóstico de cisto ovariano torcido e rôto

Um artigo bem interessante publicado no  2018 3 de março. Doi: 10.1007 / s40477-018-0287-4. também relatou alguns casos de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia realizados em situações de emergências incomuns ginecológicas e obstétricas

Emergências obstétricas e ginecológicas incomuns associadas à gravidez: diagnóstico ultrassonográfico

Abstrato

INTRODUÇÃO:

Muitos problemas obstétricos e ginecológicos incomuns associados à gravidez e ao período pós-parto precoce podem levar a dor abdominal intensa e a risco de vida. O paciente precisará urgentemente de uma decisão rápida e precisa. Os meios de gerenciamento dependerão da capacidade de diferenciar esses problemas para obter um diagnóstico ideal.

MATERIAIS E MÉTODOS:

30 mulheres grávidas participaram de uma clínica de ultrassonografia obstétrica privada com quadro clínico de abdome agudo com gravidez. Todos foram submetidos a um exame ultrassonográfico, os resultados foram registrados e o diagnóstico final foi obtido com base nos resultados pós-operatórios.

RESULTADOS:

Os pacientes foram classificados de acordo com a duração da gravidez em casos com abdome agudo que ocorreram durante o primeiro trimestre, durante o segundo trimestre, durante o terceiro trimestre e no período pós-parto precoce.

CONCLUSÃO:

A ultrassonografia é uma ferramenta valiosa para detectar a etiologia e orientar o manejo em situações de emergência enfrentadas pelo obstetra e ginecologista durante a gravidez e no período pós-parto precoce.

DOI: 10.1007 / s40477-018-0287-4

O trabalho na íntegra descreve os seguintes casos:

  • Gravidez Heterotópica (2 casos)
  • Gravidez Ectópica cervical (1 caso)
  • Gravidez Intersticial (1 caso)
  • Gestação ectópica em cicatriz de cesariana (6 casos)
  • Ruptura de cisto ovariano associado à gravidez intrauterina (3 casos)
  • Cisto Ovariano Hemorrágico associado com gravidez intrauterina ( 3 casos)
  • Cisto Dermóide complicado associado à gravidez ( 2 casos)
  • Gravidez ectópica em corno rudimentar (Útero bicorno) – 2 casos
  • Ruptura de abscesso tubo-ovariano na gravidez (1 caso)
  • Torção de mioma subseroso pediculado  (1 caso)
  • Torsão de cisto ovariano na gravidez (3 casos)
  • Ruptura de vasos superficiais de mioma ( 1 caso)
  • Ruptura completa de cicatriz de cesariana na gravidez (1 caso)
  • Ruptura incompleta de cicatriz de cesariana na gravidez (1 caso)
  • Hérnia encarcerada em cicatriz de cesariana na gravidez (1 caso)
  • Trombose de veia ovariana direita (1 caso)

 

 

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