Subfertilidade

 em Ginecologia, Nutrologia e Prática Ortomolecular

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     Muitas mulheres procuram o ginecologista para a abordagem do casal infértil. Realizam uma bateria de exames laboratoriais, ultrassonográficos, até mesmo outros exames invasivos como a histerocopia (avaliação da cavidade uterina), laparoscopia (na pesquisa de endometriose)ou histerossalpingografia (para avaliar se suas trompas são pérvias).

     Os esposos destas mulheres, quando muito pesquisam, realizam apenas o espermograma (que por sinal é muito variável de acordo com cada laboratório).

     O grande problema é que na verdade estamos diante de casais ansiosos pela gravidez, parto e nascimento que querem resultados rápidos logos nos primeiros meses de tentativas, alguns até utilizam métodos de reprodução assistida.

     Os ginecologistas tradicionais por sua vez realizam o tratamento até a indução da ovulação e quando algumas tentativas são malsucedidas, as mulheres são encaminhadas aos profissionais que trabalham com reprodução humana para realização de fertilização in vitro ou inseminação artificial.

     Preste atenção: escrevi sobre diversos métodos de diagnóstico e tratamento para a infertilidade e sequer falei do TRATAMENTO MAIS IMPORTANTE: A MUDANÇA (MELHORA) DOS HÁBITOS DE VIDA. Não faz sentido pensar em acompanhar um casal infértil (ou qualquer casal que planeje engravidar sem propor a mudança de hábitos alimentares, a prática de atividade física, o gerenciamento do estresse e a restauração do sono. EM MUITOS CASOS, QUANDO CONSEGUIMOS A MELHORA DOS HÁBITOS DE VIDA DESTAS PESSOAS, AUMENTAMOS A FERTILIDADE E OCORRE A GRAVIDEZ ESPONTÂNEA.

     Outros casos, quando não são responsivos às mudanças dos hábitos, podemos utilizar um longo arsenal terapêutico que agora será mais efetivo posto que estamos diante de um casal no momento infértil porém bem mais saudáveis do que antes.

     Se quer engravidar, melhore a saúde do casal, porque além de melhorar a fertilidade, diminui-se o risco de resultados adversos gravídicos (para a mãe) e perinatais (para o bebê). Pense nisso!!!
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     Estudo publicado na Revista Fertility and Sterility agora em abril de 2017 avaliou as associações entre padrões alimentares periconcepcionais e os parâmetros de qualidade de sêmen.

     Cento e vinte e nove parceiros do sexo masculino de mulheres grávidas participaram da Coorte de periconcepção de Rotterdam (estudo Predict). Os parâmetros de qualidade do sêmen avaliados foram: volume ejaculado, concentração de espermatozóides, contagem total de espermatozóides, motilidade progressiva, esperma imobilizado e contagem total de espermatozóides móveis (CTEM).

  • Resultados:
    • Homens incluídos em nosso estudo foram em média 35 anos de idade e tinha um índice de massa corporal de 26,4 +/- 4 kg /m2.
    • Dois padrões dietéticos foram identificados usando a análise de componentes principais, que foram rotulados como “saudáveis” e “insalubres”.
    • A concentração de espermatozóides (b = 0,278; IC a 95%, 0,112-0,444), contagem total de espermatozóides (b = 1,369, IC 95%, 0,244-2,495), motilidade progressiva (b = 4,305; IC 95%, 0,675-7,936) CTEM (b 0,319; IC 95%, 0,113-0,526) foram todos positivamente associados com uma forte adesão ao padrão alimentar saudável.
  • Conclusão
    • As associações positivas entre forte adesão a um padrão alimentar saudável e parâmetros de sêmen em homens com qualidade de sêmen baixa suportam a importância do aconselhamento nutricional pré-concepcional e do estímulo aos hábitos alimentares saudáveis aos casais que estão tentando conceber.

É o que sempre fico me questionando… A mulher quando tem dificuldade de engravidar se submete a:

  • Videolaparoscopia
  • Histeroscopia
  • Histerossalpingografia
  • Indução da Ovulação
  • Técnicas de Reprodução Assistida
  • Coito programado

Enquanto o homem no máximo se submete ao espermograma e uma ultrassonografia de bolsa testicular.

É PRECISO CONSIDERAR QUE A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL DESEMPENHA UM PAPEL FUNDAMENTAL NA FERTILIDADE DO CASAL.

QUER AUMENTAR A FERTILIDADE DO CASAL? COMECE MELHORANDO OS SEUS HÁBITOS DE VIDA, PRINCIPALMENTE OS ALIMENTARES!!!


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Artigo publicado em janeiro de 2017 na Fertility and Sterility, sobre como otimizar naturtalmente a fertilidade.

RESUMO

  • A “janela fértil” abrange o intervalo de 6 dias que termina no dia da ovulação e se correlaciona com o volume e caráter do muco cervical.
  • A relação freqüente (a cada 1-2 dias) durante a janela fértil produz as taxas de gravidez mais altas, mas os resultados obtidos com relações sexuais menos frequentes (2-3x por semana) são quase equivalentes.
  • O tempo ou a posição específica do coito e o repouso supino após a relação sexual não têm impacto significativo na fertilidade.
  • Dispositivos projetados para determinar ou prever o tempo de ovulação podem ser úteis para casais que têm relações sexuais infrequentes.
  • Álcool moderado (1-2 doses/dia) ou moderado consumo de cafeína pode ter um efeito adverso sobre a fertilidade.
  • Obesidade (IMC > 35) aumentou o tempo de concepção 2x
  • Magreza (IMC < 19) aumentou o tempo de concepção 4x


RECOMENDAÇÕES

  • O tempo até a concepção aumenta com a idade.
  • Para as mulheres com idade > 35 anos, a consulta com um especialista em reprodução deve ser considerada após 6 meses de esforços infrutíferos para conceber.
  • Para as mulheres com ciclos menstruais regulares, relações sexuais a cada 1-2 dias começando antes da janela fértil pode ajudar a maximizar a fecundabilidade.
  • Fumar, níveis mais altos de consumo de álcool (> 2 doses/dia), drogas e uso de lubrificantes vaginais devem ser desencorajados para casais que tentam engravidar.
  • Estilo de vida saudável pode ajudar a melhorar a fertilidade para as mulheres com disfunção ovulatória.
  • Há pouca evidência de que as variações dietéticas como dietas vegetarianas, dietas de baixa gordura, dietas enriquecidas com vitaminas, antioxidantes ou remédios fitoterápicos melhoram a fertilidade.
  • Níveis elevados de mercúrio no sangue provenientes do consumo exagerado de frutos do mar têm sido associados à infertilidade.
  • As mulheres que tentam engravidar devem ser aconselhadas a tomar um suplemento de ácido fólico (pelo menos 400 mcg por dia) para reduzir o risco de defeitos do tubo neural.


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     Os efeitos benéficos do exercício físico sobre a saúde geral são bem conhecidos; No entanto, como o exercício impõe grande estresse físico que desafia a homeostase, pode ser prejudicial para certos órgãos / sistemas do corpo quando é exaustivamente realizada. Diminuição dos parâmetros do sêmen e níveis hormonais sexuais têm sido relatados em atletas do sexo masculino e, portanto, uma possível diminuição da fertilidade masculina tem sido associada ao exercício em um volume elevada, alta intensidade e dependente da modalidade. Além disso, as características inerentes dos desportistas (por exemplo, nível de formação, capacidade de adaptação) podem modificar a resposta. Este artigo revisou a literatura relevante sobre o exercício e a infertilidade do fator masculino, ao mesmo tempo em que explorou os possíveis mecanismos subjacentes envolvidos

PONTOS CHAVE DO ARTIGO

  • É bem conhecido que o exercício representa uma forma de estresse físico que desafia a homeostase.
  • O estresse é acompanhado por um aumento na atividade do eixo Hipotálamo Hipófise Adrenal e uma diminuição nas funções reprodutivas, a fim de preservar o estado de alerta do organismo em detrimento da atividade gonadal.
  • O mecanismo preciso responsável pelas mudanças na função reprodutiva permanece desconhecido.
  • As alterações observadas incluem uma redução na testosterona total e livre, alterações na liberação de LH e alterações na resposta pituitária à GnRH e outras perturbações farmacológicas.
  • Exercício (INTENSO, EXAGERADO) pode levar ao desenvolvimento de estresse oxidativo, aumento da temperatura testicular, microtrauma testicular e disfunção erétil (FIGURA).
  • Existem diferenças nos perfis seminais de indivíduos que exercem em diferentes modalidades.
  • Pode haver um limite de volume e intensidade acima do qual os parâmetros hormonais e de sêmen diminuem.
  • Exercício físico regular menos exigente não parece alterar a função reprodutiva masculina.

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Artigo científico que associa a fertilidade natural com a mudança de hábitos
A infertilidade é uma condição relativamente comum. Quando os pacientes são confrontados com este diagnóstico, há sequelas médicas, psicológicas e financeiras. Os pacientes muitas vezes se perguntam se há alguma coisa que eles poderiam fazer para otimizar sua fertilidade natural ou aumentar a eficácia dos tratamentos de infertilidade.

Se houver um claro impacto sobre a fertilidade, como com o tabagismo e o álcool , a cessação deve ser aconselhada.

Da mesma forma, a perda de peso deve ser recomendada se o IMC estiver na categoria de sobrepeso e obesidade, e o ganho de peso deve ser recomendado para um IMC com baixo peso.

A evidência em torno de outras modificações de estilo de vida é menos clara. Existem dados conflitantes sobre uma ótima fertilidade dieta e consumo de vitaminas e suplementos. Os antioxidantes parecem melhorar os parâmetros do sêmen em homens, mas o efeito sobre a fertilidade feminina é menos claro.

Se existirem evidências conflituosas, como com o consumo de cafeína ou exercício, a moderação deve ser enfatizada.

Finalmente, o diagnóstico de infertilidade e subsequentes tratamentos de fertilidade são estressantes para ambos os parceiros. Os aspectos psicológicos não devem ser ignorados e métodos como yoga e terapia cognitivo-comportamental podem ser benéficos.

É o papel do médico ajudar o paciente a identificar fatores de risco modificáveis, especialmente dado o custo e o tempo de compromisso associados com tratamentos de infertilidade. Se os pacientes são conscientizados de mudanças de estilo de vida simples que poderiam afetar sua fertilidade, eles são geralmente receptivos a fazer esses ajustes. TODOS OS PACIENTES DEVEM SER INCENTIVADOS A LUTAR POR UM ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL E SUSTENTÁVEL. REALIZAR ESSAS MODIFICAÇÕES DE ESTILO DE VIDA PODE AJUDAR A ALCANÇAR O OBJETIVO FINAL DE UMA GRAVIDEZ SAUDÁVEL.


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     Muitas mulheres me procuram no consultório após terem ido a consultas com especialistas em reprodução humana / infertilidade, já tendo submetida inclusive às técnicas de reprodução assistida.

     E quando pergunto sobre os hábitos de vida, como estão o sono, a alimentação, a atividade física, o gerenciamento do estresse e os hábitos intestinais me deparo com situações nas quais não foram otimizados os hábitos, sequer tratadas manifestações clínicas importantes como intolerância à glicose / resistência insulínica, sobrepeso / obesidade e distúrbios ansiosos / depressivos, por exemplo. É preciso melhorar a saúde como um todo, porque a fertilidade aumenta e se por acaso for necessária alguma técnica de reprodução assistida, esta será muito mais exitosa. O mais importante é a modificação dos hábitos, do estilo de vida.

     Tenho me surpreendido com alguns casos que acompanho, de como a fertilidade ocorreu com a modificação dos hábitos. E todo o mérito é da cliente (Casal) que entendeu a proposta e modificou os hábitos. O milagre está dentro da própria pessoa!!!

     O artigo acima por exemplo, enfatiza a importância de se ter um bom sono em quantidade e qualidade; a restrição do sono pode desregular o eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, traduzindo, o eixo que controla simplesmente a produção dos hormônios sexuais responsáveis pela ovulação e também pela regularidade do ciclo menstrual e consequente capacidade reprodutiva. A síndrome dos ovários policísticos, por exemplo, também pode se relacionar com os distúrbios do sono, posto que não há a produção de óvulos com capacidade reprodutiva, com evidentes alterações hormonais e também relacionadas ao estresse. Isto porque aquele eixo hipotálamo-hipófise, também se relaciona com outra glândula, a adrenal, responsável pela produção de neurotransmissores como adrenalina e noradrenalina e o hormônio cortisol. O estresse, a privação do sono e as consequentes alterações hormonais também alteram a microbiota intestinal, responsável por nossas defesas, tornando o sistema imunológico deficiente. E pode-se ter ainda manifestações cutâneas, alérgicas e do próprio hábito intestinal.

NÃO DÁ PRA CONSIDERAR A GINECOLOGIA REPRODUTIVA RESTRITA APENAS A ÚTERO, TROMPAS, OVÁRIOS, ÚTERO E VAGINA.

É PRECISO CONSIDERAR A MULHER COMO UM TODO, ALIÁS, O CASAL COMO UM TODO.

QUER ENGRAVIDAR? MELHORE SUA SAÚDE COMO UM TODO, MELHORE SUA QUALIDADE DE VIDA. ASSIM, ALÉM DE AUMENTAR A FERTILIDADE VOCÊ DIMINUI OS FATORES DE RISCO PARA A SUA GESTAÇÃO E PERMITE UM ADEQUADO DESENVOLVIMENTO DO SEU BEBÊ.

E voltando novamente ao artigo: durma bem!!!


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     Por quase 50 anos, o dogma existente ditou que o endometrio humano normal é sacrossanto de habitação microbiana na ausência de infecção. Pois bem, o trabalho de Moreno et. al. (já coloquei recentemente aqui no instagram) refutou este dogma, quebrou este paradigma identificando bactérias em culturas de aspirado endometrial. Pois é, a ginecologia endócrina e reprodutiva, modifica constantemente.

 No editorial do Jornal de Dezembro de 2016 da AJOG, a PHD Linda Giudice realiza os seguintes questionamentos:

  • Como é reprodutível o ciclo de um microbioma endometrial de um indivíduo para o ciclo?
  • O microbiana endometrial é alterado por outros esteróides, outros tratamentos hormonais, antibióticos e outros medicamentos?
  • A doença concomitante ou distúrbios locais do trato reprodutivo feminino, distúrbios crônicos, estresse, índice de massa corporal, duchas vaginais, idade, raça / etnia ou relações sexuais afetam o microbiana endometrial?
  • O microbioma endometrial se comunica com outros microbiomas no corpo? Com o sistema imunológico?
  • Se o microbioma endometrial for adverso ao estabelecimento do sucesso da gravidez, isso influencia o endométrio no início da gravidez (decidua), bem como mais tarde na gestação e afetam os resultados da gravidez?
  • As mulheres com gravidez ectópica, aborto espontâneo recorrente, sangramento uterino anormal e outros transtornos reprodutivos abrigam um microbioma “desfavorável” do trato genital superior que afeta a função reprodutiva normal?

Os questionamentos são da autora, mas sem ficar em cima do muro, minhas humildes respostas são em geral SIM para todas as questões acima listadas!

     A autora o editorial escrevendo: “ESTAMOS REALMENTE NO LIMIAR PARA TRANSFORMAR A MEDICINA REPRODUTIVA CLÍNICA E MELHORAR OS RESULTADOS REPRODUTIVOS COM PRECISÃO E PERSONALIZAÇÃO PARA A INDIVIDUALIDADE DOS PACIENTES!”


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     O estudo considerado de maior impacto na edição de dezembro de 2016 do Jornal Americano de Ginecologia e Obstetrícia (AJOG) concluiu que microbiota endometrial humana existe e é independente da regulação hormonal. A existência de bactérias não-Lactobacillus no endométrio está correlacionada com impactos negativos na reprodução humana e deve ser considerada como uma causa emergente de falha na implantação e perda de gravidez. Os resultados apresentados no artigo expandem a avaliação da receptividade endometrial não apenas nos níveis morfológico e molecular, mas também no ponto de vista microbiológico. É hora de considerar os microorganismos não apenas como inimigos, mas também como aliados na medicina reprodutiva.

E você ainda acha…

  • Que a microbiota intestinal e endometrial não é importante?
  • Que probióticos não têm efeito algum na imunologia da reprodução?
  • Que a alimentação não tem influência com a flora intestinal, endometrial ou vaginal?
  • Que a constipação intestinal não tem efeito alguma na saúde reprodutiva?

ESTÁ NA HORA DE ESTUDARMOS MAIS FERTILIDADE DO QUE INFERTILIDADE!!!

O artigo foi considerado de grande importância na literatura e disponibilizado gratuito no linkhttp://www.ajog.org/article/S0002-9378(16)30782-7/pdf Vale a pena a leitura!!!


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Os estudos atuais consideram a vitamina D um hormônio com importantes funções na saúde reprodutiva.
Artigo publicado em novembro de 2015, por pesquisadores da Arábia Saudita, avaliou o nível sanguíneo de vitamina D em mulheres com dificuldade para engravidar (subférteis) e o grupo controle, bem como o uso de suplementos que continham vitamina D, cálcio e a ingestão de vitamina D na alimentação de um total de 183 mulheres em idade reprodutiva que finalizaram o estudo.

  • A prevalência de de deficiência de vitamina D foi muito mais elevada para o grupo de mulheres subférteis (59%) em comparação ao grupo controle (40,4%) com p < 0,01;
  • A suplementação de cálcio foi muito maior no grupo controle (64,6%) em comparação ao grupo de mulheres subférteis (10,0%) com p < 0,001;
  • A ingestão de suplementos que continham vitamina D > 400UI/dia foi maior no grupo controle (10,1%) que no grupo de de mulheres subférteis (8,4%) com p <0,05
  • A ingestão dietética adequada (>400UI) de vitamina D foi muito maior no grupo controle (85,9%) que no grupo de mulheres subférteis (35,4%)
  • O estudo conclui enfatizando que a otimização dos níveis de vitamina D deve ser encorajada nas mulheres em idade reprodutiva

QUER MELHORAR SUA FERTILIDADE? TENHA EXCELENTES NÍVEIS DE VITAMINA D!!!

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